Álbum: El Pintor - Interpol.
- Renan Vinicius
- 22 de set. de 2015
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de out. de 2020
A banda Nova Iorquina Interpol formada em 1997 já passou por vários altos e baixos ao longo de sua história, sendo seus dois primeiros discos, Turn On The Bright Lights (2002) e Antics (2004), os seus mais influentes no ramo musical. Com novos clássicos do Rock Alternativo e do Indie Rock no registro, a banda americana aprimorou seu talento no último disco de estúdio lançado em 2014, intitulado El Pintor (um anagrama para Interpol), com pegadas mais Post-punk e um novo estilo de mixagem única, o cd contou com as habilidosas mãos do produtor musical Alan Moulder, famoso por seus trabalhos para bandas como The Smashing Punpkins e Nine Inch Nails. Contando com o icônico Paul Banks no baixo e nos vocais, guitarra por Daniel Kessler e o recém-integrante Sam Fogarino na bateria, El Pintor conseguiu, ou quase, agradar novamente os fãs mais assíduos, assim como novos ouvintes e os críticos do ramo.

Da esquerda para a direita: Sam Fogarino, Paul Banks e Daniel Kessler
O resultado do trabalho é um álbum harmonioso e linear, composto por dez faixas entoadas por um mesmo timbre, fáceis de se ouvir de uma só vez. Isso porque seus acordes, riffs e batidas assemelhan-se umas com as outras dando a errada impressão de repetição, chegando a lembrar, inclusive, faixas do glorioso Antics. Até a terceira canção você é capaz de distinguir cada música e sua singularidade, mas quando Ancient Ways chega, já não há mais a certeza se tais acordes não foram tocados minutos antes. Entretanto, cabe ao álbum notoriedades relevantes como o caso do single All The Rage Back Home que começa com vocais abafados e um característico som de guitarra que acompanha a música até seus segundos finais, e enquanto a melodia continua a fluir para seu ápice instrumental a letra se mantém em três frases impossíveis de não ficarem impregnadas na cabeça. I keep falling, maybe half the time, it's all the rage back home, "Eu continuo caindo...", diz a música e assim as notas vão sumindo até extinguir-se.
Videoclipe de All The Rage Back Home.
Assim como a faixa número um, My Desire e Twice as Hard mostram-se importantes adendos para a carreira da banda. Com a mesma aposta do repetitivo, ambas as músicas impõe seus refrões pesados e carregados de guitarra (My Desire) e bateria (Twice as Hard) somadas às letras românticas depressivas de Paul Banks. Apesar do Interpol ser uma banda colaborativista, tendo todos os membros ativos na criação das letras de suas músicas, o vocalista, que muito bem exerce seu dom de composição desde o famoso Stella Was a Diver and She Was Always Down, usa o inalcansável e a frustração amorosa como uma temática para o disco como um todo, motivo no qual talvez o designer David Calderley tenha achado interessante trazer para a arte do álbum as múltiplas simbologias das mãos que se entrelaçam. Be my desire, I'm a frustrated man, implora a letra da faixa dois.

Arte da capa de El Pintor.
As críticas profissionais do álbum foram em sua maioria positivas. No site The A.V. Club, o disco recebeu nota A-, sendo essa a segunda melhor avaliação da página. No Metacritic a nota 77 de 100 é vista com bons olhos para os cds do gênero, além de receber reviews favoráveis da própria Billboard. De 2014 para cá, a banda têm saído em turnê para a divulgação do El Pintor, e o Brasil não ficou de fora. Em Março de 2015 o Interpol apresentou-se no autódromo de Interlagos em São Paulo como um dos nomes do Line Up do festival Lollapalooza, alternando seu show entre seus clássicos dos primeiros anos do século XXI e os recentes sucessos do novo disco. Não ficou de fora músicas de seus outros dois cds Our Love to Admire (2007) e o autointitulado Interpol (2010), mas os hits do primeiro álbum de estúdio foram (e ainda são) as que realmente agitam o público.
Guitarrista Daniel Kessler e o líder Paul Banks no palco do Lollapalooza Brasil 2015.
Em seu quinto álbum, Interpol se reinventa sem sair da zona de conforto, o que resulta em músicas boas, mas pouco ousadas. Numa época cujas bandas com mais de dez anos de carreira buscam pelo novo e o inusitado sem perder a identidade, infelizmente os americanos aqui parecem temer mudanças de estilo drásticas e mais significantes. Ainda assim, El Pintor é ótimo para se ouvir em uma sexta a noite ou na playlist de festas caseiras. Um disco honesto com o que a banda propõe.
NOTA: 8,5
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